Dra. Gisele Costa – Odontologia

Restaure e Substitua

A cárie e o tratamento restaurador atraumático (ART)

Já sabemos que a cárie é a segunda doença mais comum no mundo. Os tratamentos tem modificado muito ao longo das últimas décadas, e as mudanças mais atuais são a remoção parcial do tecido cariado…. Como assim??
Por muitos anos pregamos a remoção completa de todo tecido cariado do dente. Removíamos além do que aparentava afetado para garantir que não houvesse nenhuma contaminação em tecido sadio… Entretanto, após muitos estudos e pesquisas concluiu-se que ao se remover apenas tecido superficial infectado pelas bactérias responsáveis pela doença, e se deixasse parte do tecido afetado (dentina) na profundidade da cavidade sobre esse tecido colocasse um material restaurador com propriedades bioativas ou biocompatíveis, a doença não se progride. Mesmo que ainda existam bactérias no tecido afetado, pelo vedamento da cavidade, esses microorganismos por não entrarem em contato com a saliva, elas morrem e assim a doença cárie não progride.
Essa técnica é chamada de ART (tratamento restaurador atraumático) e é baseada no conceito de mínima intervenção e máxima preservação das estruturas dentárias. Normalmente não é necessário fazer anestesia e uso de motorzinho. O que para crianças é ótimo, por isso o nome atraumático.
Utiliza-se normalmente um material cimento de ionômero de vidro que é adesivo ao tecido dental e
liberador de flúor, ou um material bioativo, como Biodentindeo que dificulta a recorrência da cárie naquele dente.

Defeitos de formação do esmalte: um problema mais grave que a cárie?

Imagine que você seguiu todas as orientações de cuidados com a higiene bucal dos dentes da sua criança. Você quer garantir que ela nunca sofra com cárie…. Por volta dos 6 anos de idade começa o nascimento dos dentes permanentes, aqueles que desejamos que fiquem na boca, saudáveis até o final da vida. E ao erupcionar aqueles dentes novinhos na frente, você vê manchas brancas ou amareladas nada estéticas. Ou o primeiro molar permanente parece que já nasce com cárie ou “estragado”! Sim… Esse é um sinal muito ruim de que provavelmente estamos diante de uma HMI.
“Mas o que é isso, dra?”
HMI é a abreviação dada para nomear os defeitos de formação de esmalte, DDE, que acontecem nos primeiros Molares e/ou Incisivos Permanentes.
Durante o processo de formação da camada externa do dente, o esmalte, distúrbios de origem sistêmica, ou ambiental, podem causar alterações nessa “amelogênese”, gerando defeitos irreversíveis relacionados à quantidade de tecido (matriz orgânica) ou na qualidade desse esmalte. Quando existe uma redução da espessura do esmalte, chamamos de hipoplasia. É um defeito quantitativo. Quando acontece um defeito na qualidade chamamos de hipomineralização, como na HMI.

A HMI, afeta de 1 a 4 molares permanentes e muitas vezes também afeta os incisivos permanentes. Isso se dá porque a mineralização dos molares e incisivos acontecem no mesmo momento.
Estima-se que em média 14% da população mundial apresente dentes com HMI. No Brasil temos dados de até 40% de prevalência na população do Rio de Janeiro, por exemplo.

Por que isso acontece?
Até o momento, as causas não são muito claras. O que sabemos é que diversas alterações ambientais, sistêmicas e genéticas que ocorrem no período pré-natal e nos primeiros anos de vida da criança, parecem relacionados a esses defeitos.
O processo de calcificação do esmalte dentário começa entre a 15ª/19ª semana de vida intrauterina e termina por volta dos 3 anos de idade da criança. É nessa janela que situações como prematuridade, baixo peso ao nascer, desnutrição, doenças e infeções como otites, infecções respiratórias como pneumonia, asma, bronquites e quaisquer outras infecções onde febre alta tenha sido observada, parecem estar relacionadas aos defeitos que podem ocorrer na dentição decídua (HMD)ou permanente (HMI). O uso de medicamentos como antibióticos, principalmente corticóides inalatórios, também são fatores de risco.

Mas por que os pais devem se preocupar?
Dentes afetados por esses defeitos costumam apresentar alta sensibilidade. A criança sente dor ao escovar dentes, ao comer, ao beber água. Ainda pior que isso, como o esmalte desses dentes é frágil e poroso, há uma maior probabilidade de desenvolver cárie e ir quebrando ao longo dos anos. Existem casos onde a gravidade do defeito leva a perda do dente, já que o tratamento é complexo devido a dificuldade em se conseguir materiais que façam uma boa adesão a esse esmalte.

Como prevenir?
Quanto antes a criança for acompanhada pelo Odontopediatra, os riscos de se desenvolver HMI podem ser identificados. Monitoramos o nascimento de cada dente, e caso seja diagnosticado um defeito de esmalte, fazemos protocolos de remineralização e dessensibilização através do uso de vernizes fluoretados ou aplicações tópicas de flúor.
Ao longo do tempo esses dentes precisam ser acompanhados periodicamente, e em muitos casos é necessário uso de materiais específicos para cada grau de comprometimento.
Não podemos esquecer que dentes acometidos por HMI apresentam manchas que vão de brancas opacas a amarelas e amarronzadas. O impacto no bem estar emocional e social da criança pode ser bastante significativo.
Sendo assim, ressalto a conscientização das famílias que as visitas ao Odontopediatra regularmente são de extrema importância nos dias atuais diante de tantos quadros de HMI.

Tratamento de Canal

Uma cavidade dentro do dente se torna um terreno fértil para as bactérias crescerem e se multiplicarem. Sem tratamento, as bactérias infectam o espaço nervoso dentro do dente e causam dor significativa. Isso pode se espalhar para outras áreas do rosto e fazer com que o osso de suporte do dente se dissolva.

Tratamento de canal é um procedimento para tratar a infecção dentro de um dente. Isso geralmente
significa que a infecção é muito avançada e profunda dentro de um dente. O procedimento envolve
anestesia local suave ao redor do dente e lavagem dentro do dente com remédios especiais.

Extrações dentárias

Algumas situações como cáries extensas, fraturas extensas, traumatismos e dentes retidos nos levam a necessidade de realizar a extração do dente. E aqui não estamos falando daquele dente de leite que está meio mole não. Estamos falando dos dentes que apresentam raiz e que precisamos utilizar anestesia local para remover o dente com conforto.